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Monday, September 13, 2010

A lenta desertificação



É esta a imagem de muitas das escolas primárias de Portugal. Por ali, onde as crianças corriam nos recreios, só aparecem agora umas duas ou três ovelhas para comer o pasto que se instala. O barulho e os gritos que se ouviam de manhã e à tarde foram substituídos pelos guizos do gado que, esse, teve a sorte de não ter sido deslocalizado. Continua a pastar no vale logo a seguir à escola e passa todos os dias para picar o ponto e o pasto.
Caminhando pelo largo da aldeia ainda por ali estão os velhos do costume. Mas tiraram-lhe a rotina. Viam passar os meninos e meninas e, à hora do almoço, lá estavam alguns deles no mesmo refeitório a partilhar o espaço e as refeições, a lembrar-lhes que um dia também já foram meninos e meninas traquinas. Só não foram à escola. Era assim a vida e a maior parte deles nem a 4ª classe fez e era por isso que lhes dava tanto gozo ver aqueles meninos contentes a caminho da escola para a aprenderem a ler.
Ms agora, a aldeia que se orgulhava de ter meninos e meninas bastantes perdeu-os para outra localidade. Saem logo de manhazinha e já voltam tarde. Vão espalhar os seus gritos e as suas tropelias para outras ruas e os pais o os avós, esses já não vão poder vê-los de perto, espreitar no recreio da escola.
O Portugal do conhecimento, da modernidade já não se compadece com romantismos. Quer potenciais máquinas produtivas e o melhor é deslocalizar as crianças para modernos centros escolares, edifícios sem graça que mais parecem centros comerciais. Assim sempre se vão habituando a esses espaços amplos onde um dia talvez venham a ser ordeiros operadores de caixa, repositores de stocks, seguranças ou empregados de quiosques de bicas.

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